quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Estética e Filosofia

Você já ouviu falar em Estética? Sabe o que ela estuda? E qual a sua finalidade?
No mundo contemporâneo associa-se  a estética à beleza física aos milhares de tratamentos e cirurgias que são realizados no Mundo todo, aliás o Brasil é um dos campeões mundiais em intervenções cirúrgicas estéticas, entretanto a relação entre a estética e a Filosofia é muito mais ampla e profunda e não se limita  a beleza física apenas, embora possa explora-la como objeto de reflexão, indagando por exemplo porque as pessoas preocupam-se cada vez mais com a aparência física ou porque seguimos determinados padrões estéticos, quem nos impõe?
A palavra"estética" é grega e significa sensação,sentimento, que se dá a partir das manifestações artísticas.
 A estética é o ramo da Filosofia que estuda racionalmente o belo ou o feio expresso em diversos fenômenos da produção humana, sobretudo nas artes (música, poesia, cinema, pintura, teatro )  explorados pelos nossos sentidos. Tanto que para o filósofo alemão Hegel, definiu a estética como filosofia da arte.
Voltada principalmente para a beleza e à arte, a Estética está intimamente ligada à realidade e às pretensões humanas de dominar, moldar, representar, reproduzir, completar, alterar, apropriar-se do mundo como realidade humanizada. Na contemporaneidade, a Estética nos conduz para além do império da técnica, das máquinas e da arte como produto comercial, ou do belo como conceito acessível para poucos, na busca de espaço de reflexão, pensamento, representação e contemplação do mundo.
A Arte, do latim ars, significando técnica ou  habilidade, esta ligada às atividades humanas e manifestações de ordem estética e artistica e realizada por meio de uma grande variedade e linguagens, tais como: arquitetura, desenho, escultura, pintura, escrita, músitca, dança e cinema em suas variadas combinações. O processo criativo se dá a partir da percepção com o intuito de expressar emoções e ideias, objetivando um significado único e diferente para cada obra.
 Apesar do conceito atual de arte nos remeter a algo que serve para ser apreciado ou decorar, seu sentido é muito mais amplo e antigo, pois a habilidade de criar objetos e ferramentas de sobrevivência que o Homem primitivo possuía também é arte! Desde uma faca confeccionada com osso até os desenhos encontrados nas paredes das cavernas.


A arte é também multifuncional: Ela pode ter um sentido sagrado, quando religiosa. Pode ser uma crítica a algo. Pode ser simplesmente decorativa também. Ela expõe as ideias e pensamentos de seu criador fazendo uso de estilos e estéticas distintas. O Estilo é a sua forma e a Estética é o seu fundamento.  Cada movimento artístico ou escola literária representa a interpretação dos cenários, objetos, cotidiano e visão de mundo de determinada sociedade ou grupo.

-Atividade: Pesquise duas manifestações artísticas, seja música, desenho, teatro, cinema ou outra qualquer  que chamam sua atenção e explique por as mesmas chamam sua atenção e porque podem ser consideradas artes.

Bibliografia:
HUGON,   L’esthétique,  Talon-Hugon. Estética, História e Teorias. Edições Texto & Grafi a, Lda.2009.
 https://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/39630/cultura-e-arte-conceitos-e-definicoes.





domingo, 28 de agosto de 2016

Atividade de Filosofia 1º Ano: A felicidade e a Filosofia

Quem nunca pensou em ser feliz? De alguma forma, a maioria das pessoas  buscam a felicidade consciente ou inconscientemente, alguns acreditam que ela esteja nos bens materiais, outros nos espirituais ou  em ambos, outros na satisfação dos prazeres e na negação e fuga de todo sofrimento.
Músicos, poetas e pensadores também tentaram descrever o que é a felicidade, Racionais Mcs ,  por exemplo,  cantou em Vida Loka(parte 2):


"O Caminho
Da felicidade ainda existe
É uma trilha estreita
Em meio à selva triste
Quanto cê paga
Pra ver sua mãe agora
E nunca mais ver seu pivete ir embora
Dá a casa, dá o carro
Uma Glock, e uma FAL"

Clarice Lispector poetizou:
"A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre."

 A Filosofia de Aristóteles e dos filósofos  estóicos e epicuristas também procurou discutir o problema da felicidade, que segundo pensamento aristotélico seria o objetivo maior e mais sublime da vida humana.
Mas será que a proposta de felicidade de Aristóteles e dos filósofos  epicuristas e estóicos que viveram há milhares de anos, ainda  tem algo a nos dizer?
Instruções práticas: Faça a leitura dos textos abaixo e crie um texto no word expondo seu   ponto de vista sobre as diferentes propostas de felicidade apresentadas pelos filósofos nos links abaixo, depois pesquise uma música que fala sobre felicidade e relacione com o seu dia a dia  salve em sua pasta, se possível envie ao seu e-mail ou se preferir partilhe em sua rede social.


http://alunosonline.uol.com.br/filosofia/a-felicidade-pensada-por-aristoteles.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Epicurismo
http://elimarol.blogspot.com.br/2012/08/a-felicidade-epicuro.html
http://www.beevoz.net/2015/02/10/a-etica-estoica-estoicismo/
  https://pt.wikipedia.org/wiki/Estoicismo

domingo, 15 de maio de 2016

ATIVIDADE DE FILOSOFIA: MITOLOGIA GREGA E FILOSOFIA

-O QUE É O MITO? QUAIS SEUS SIGNIFICADOS? POR QUE ELES SURGIRAM? COM QUAIS OBJETIVOS? QUAL É A RELAÇÃO ENTRE MITO E FILOSOFIA?
RESPONDA OS QUESTIONAMENTOS ACIMA, PESQUISANDO  NOS SITES ABAIXO, DEPOIS PRODUZA UM TEXTO DISSERTATIVO NO WORD, PARA PODERMOS DISCUTIRMOS EM SALA. SE POSSÍVEL ENVIE O TEXTO PARA O SEU E-MAIL.
OBS: COLOQUE SEU NOME, SÉRIE, ETC.
http://www.significados.com.br/mito/
http://www.suapesquisa.com/mitologiagrega/
http://www.sohistoria.com.br/ef2/mitologiagrega/

quinta-feira, 17 de março de 2016

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Bibligrafia complementar 1º e 2º ano: E.E. Lino Villachá

 Filosofia 1º ano-livro complementar: História da Filosofia -Volume 1- Geovanni Reale.

http://charlezine.com.br/historia-da-filosofia-giovanni-reale-dario-antiseri/

 Filosofia 2º ano: Filosofia da Ciência- Introdução ao jogo e suas regras- Ruben Alves

 https://www.google.com.br/?gws_rd=ssl#q=filosofia+da+ci%C3%AAncia+introdu%C3%A7%C3%A3o+ao+jogo+e+suas+regras

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Escola Estadual Lino Villachá: conteúdos e referências.

Bem vindos ao inicio do ano letivo!!! Espero que estejam bem, desejo um ano escolar de muito crescimento intelectual e espiritual, onde a pesquisa, a busca  e a dedicação sejam marcas registradas, além dos valores necessários  para uma boa convivência: Como o respeito, a amizade e a solidariedade possam nos orientar nesta busca!!!
Um grande abraço Willian Veron Garcia.



1ºano
2ºano
3ºano
1ºBimestre                       

1ºBimestre 
1ºBimestre 
A Origem da Filosofia

  Do mito à razão

  Os filósofos Pré- Socráticos

Ciência
- etimologia da palavra
- senso comum e o conhecimento científico
- ciência, política, filosofia e poder
- A Ciência na Idade Antiga
Moral e Ética
Problemas conceituais
Os filósofos e  o problema ético.
Liberdade: Essencialismo e o Existencialismo.



Referências bibliográficas:

COTRIN, G; FERNANDES M. Fundamentos da Filosofia. Editora saraiva.2013.

Realle, G. História da filosofia. Vol. 1.


Referencias bibliográficas:

COTRIN, G; FERNANDES M. Fundamentos da Filosofia. Editora saraiva.2013.

ALVES, Rubem. Introdução ao jogo e suas regras.
Editora brasiliense.
Referencias bibliográficas:

COTRIN, G; FERNANDES M. Fundamentos da Filosofia. Editora saraiva.2013.

VALLS. A.LM. O que é ética. Editora brasiliense.

Aristóteles. Ética a Nicômaco.




terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Indústria cultural e cultura de massa

Atividade de Filosofia 6º semestre IFMS:

 Leia o texto a seguir.

O termo indústria cultural foi cunhados pelos filósofos da Escola de Frankfurt (Alemanha) na década de 1940, segundo os mesmos, a partir da segunda revolução industrial no século XIX e prosseguindo no que se denomina agora sociedade pós-industrial ou pós-moderna (iniciada nos anos 70 do século passado), as artes foram submetidas a uma nova servidão: as regras do mercado capitalista e a ideologia da indústria cultural, baseada na ideia e na prática do consumo de “produtos culturais” fabricados em série. As obras de arte são mercadorias, como tudo o que existe no capitalismo.

Perdida a aura, a arte não se democratizou, massificou-se para consumo rápido no mercado da moda e nos meios de comunicação de massa, transformando-se em propaganda e publicidade, sinal de status social, prestígio político e controle cultural.

Sob os efeitos da massificação da indústria e consumo culturais, as artes correm o risco de perder três de suas principais características:

1. de expressivas, tornarem-se reprodutivas e repetitivas;

2. de trabalho da criação, tornarem-se eventos para consumo;

3. de experimentação do novo, tornarem-se consagração do consagrado pela moda e pelo consumo.

A arte possui intrinsecamente valor de exposição ou exponibilidade, isto é, existe para ser contemplada e fruída. É essencialmente espetáculo, palavra que vem do latim e significa: dado à visibilidade. No entanto, sob o controle econômico e ideológico das empresas de produção artística, a arte se transformou em seu oposto: é um evento para tornar invisível a realidade e o próprio trabalho criador das obras. É algo para ser consumido e não para ser conhecido, fruído e superado por novas obras.

As obras de arte e de pensamento poderiam democratizar-se com os novos meios de comunicação, pois todos poderiam, em princípio, ter acesso a elas, conhecê-las, incorporá-las em suas vidas, criticá-las, e os artistas e pensadores poderiam superá-las em outras, novas.

A democratização da cultura tem como precondição a ideia de que os bens culturais (no sentido restrito de obras de arte e de pensamento e não no sentido antropológico amplo, que apresentamos no estudo sobre a ideia de Cultura) são direito de todos e não privilégio de alguns. Democracia cultural significa direito de acesso e de fruição das obras culturais, direito à informação e à formação culturais, direito à produção cultural.

Ora, a indústria cultural acarreta o resultado oposto, ao massificar a Cultura. Por quê?

Em primeiro lugar, porque separa os bens culturais pelo seu suposto valor de mercado: há obras “caras” e “raras”, destinadas aos privilegiados que podem pagar por elas, formando uma elite cultural; e há obras “baratas” e “comuns”, destinadas à massa. Assim, em vez de garantir o mesmo direito de todos à totalidade da produção cultural, a indústria cultural introduz a divisão social entre elite “culta” e massa “inculta”. O que é a massa? É um agregado sem forma, sem rosto, sem identidade e sem pleno direito à Cultura.

Em segundo lugar, porque cria a ilusão de que todos têm acesso aos mesmos bens culturais, cada um escolhendo livremente o que deseja, como o consumidor num supermercado. No entanto, basta darmos atenção aos horários dos programas de rádio e televisão ou ao que é vendido nas bancas de jornais e revistas para vermos que, através dos preços, as empresas de divulgação cultural já selecionaram de antemão o que cada grupo social pode e deve ouvir, ver ou ler.

No caso dos jornais e revistas, por exemplo, a qualidade do papel, a qualidade gráfica de letras e imagens, o tipo de manchete e de matéria publicada definem o consumidor e determinam o conteúdo daquilo a que terá acesso e tipo de informação que poderá receber. Se compararmos, numa manhã, cinco ou seis jornais, perceberemos que o mesmo mundo – este no qual todos vivemos – transforma-se em cinco ou seis mundos diferentes ou mesmo opostos, pois um mesmo acontecimento recebe cinco ou seis tratamentos diversos, em função do leitor que a empresa jornalística pretende atingir.

Em terceiro lugar, porque inventa uma figura chamada “espectador médio”, “ouvinte médio” e “leitor médio”, aos quais são atribuídas certas capacidades mentais “médias”, certos conhecimentos “médios” e certos gostos “médios”, oferecendo-lhes produtos culturais “médios”. Que significa isso?

A indústria cultural vende Cultura. Para vendê-la, deve seduzir e agradar o consumidor. Para seduzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-lo pensar, fazê-lo ter informações novas que o perturbem, mas deve devolver-lhe, com nova aparência, o que ele já sabe, já viu, já fez. A “média” é o senso comum cristalizado que a indústria cultural devolve com cara de coisa nova.

Em quarto lugar, porque define a Cultura como lazer e entretenimento, diversão e distração, de modo que tudo o que nas obras de arte e de pensamento significa trabalho da sensibilidade, da imaginação, da inteligência, da reflexão e da crítica não tem interesse, não “vende”. Massificar é, assim, banalizar a expressão artística e intelectual. Em lugar de difundir e divulgar a Cultura, despertando interesse por ela, a indústria cultural realiza a vulgarização das artes e dos conhecimentos.

Os meios de comunicação

Dos meios de comunicação, sem dúvida, o rádio e a televisão manifestam mais do que todos os outros esses traços da indústria cultural.

Começam introduzindo duas divisões: a dos públicos (as chamadas “classes” A, B, C e D) e a dos horários (a programação se organiza em horários específicos que combinam a “classe”, a ocupação – donas de casa, trabalhadores manuais, profissionais liberais, executivos -, a idade – crianças, adolescentes, adultos – e o sexo).

Essa divisão é feita para atender às exigências dos patrocinadores, que financiam os programas em vista dos consumidores potenciais de seus produtos e, portanto, criam a especificação do conteúdo e do horário de cada programa. Em outras palavras, o conteúdo, a forma e o horário do programa já trazem em seu próprio interior a marca do patrocinador.

Muitas vezes, o patrocinador financia um programa que nada tem a ver, diretamente, com o conteúdo e a forma veiculados. Ele o faz porque, nesse caso, não está vendendo um produto, mas a imagem de sua empresa. É assim, por exemplo, que uma empresa de cosméticos pode, em lugar de patrocinar um programa feminino, patrocinar concertos de música clássica; uma revendedora de motocicletas, em lugar de patrocinar um programa para adolescentes, pode patrocinar um programa sobre ecologia.

A figura do patrocinador determina o conteúdo e a forma de outros programas, ainda que não patrocinados por ele. Por exemplo, um banco de um governo estadual pode patrocinar um programa de auditório, pois isto é conveniente para atrair clientes, mas pode, indiretamente, influenciar o conteúdo veiculado pelos noticiários. Por quê?

Porque a quantidade de dinheiro paga pelo banco à rádio ou à televisão para o programa de auditório é muito elevada e interessa aos proprietários daquela rádio ou televisão. Se o noticiário apresentar notícias desfavoráveis ao governo do Estado ao qual pertence o banco, este pode suspender o patrocínio do programa de auditório. Para não perder o cliente, a emissora de rádio ou de televisão não veicula notícias desfavoráveis àquele governo e, pior, veicula apenas as que lhe são favoráveis. Dessa maneira, o direito à informação desaparece e os ouvintes ou telespectadores são desinformados ou ficam mal informados.

A desinformação, aliás, é o principal resultado da maioria dos noticiários de rádio e televisão. Com efeito, como são apresentadas as notícias? De modo geral, são apresentadas de maneira a impedir que o ouvinte e o espectador possam localizá-la no espaço e no tempo.

Falta de localização espacial: o espaço real é o aparelho de rádio e a tela da televisão, que tem a peculiaridade de retirar as diferenças e distâncias geográficas, de tal modo que algo acontecido na China, na Índia, nos Estados Unidos ou em Campina Grande pareça igualmente próximo e igualmente distante.

Falta de localização temporal: os acontecimentos são relatados como se não tivessem causas passadas nem efeitos futuros; surgem como pontos puramente atuais ou presentes, sem continuidade no tempo, sem origem e sem consequências; existem enquanto forem objetos de transmissão e deixam de existir se não forem transmitidos.

Paradoxalmente, rádio e televisão podem oferecer-nos o mundo inteiro num instante, mas o fazem de tal maneira que o mundo real desaparece, restando apenas retalhos fragmentados de uma realidade desprovida de raiz no espaço e no tempo. Nada sabemos, depois de termos tido a ilusão de que fomos informados sobre tudo.

Também é interessante a inversão entre realidade e ficção produzida pela mídia. Acabamos de mencionar o modo como o noticiário nos apresenta um mundo irreal, sem História, sem causas nem consequências, descontínuo e fragmentado. Em contrapartida, as novelas criam o sentimento de realidade. Elas o fazem usando três procedimentos principais:

1. o tempo dos acontecimentos novelísticos é lento para dar a ilusão de que, a cada capítulo, passou-se apenas um dia de nossa vida, ou passaram-se algumas horas, tais como realmente passariam se fôssemos nós a viver os acontecimentos narrados;

2. os personagens, seus hábitos, sua linguagem, suas casas, suas roupas, seus objetos são apresentados com o máximo de realismo possível, de modo a impedir que tenhamos distância diante deles (ao contrário do cinema e do teatro, que suscitam em nós o sentimento de proximidade justamente porque nos fazem experimentar o da distância);

3. como consequência, a novela nos aparece como relato do real, enquanto o noticiário nos aparece como irreal. Basta ver, por exemplo, a reação de cidades inteiras quando uma personagem da novela morre (as pessoas choram, querem ir ao enterro, ficam de luto) e a falta de reação das pessoas diante de chacinas reais, apresentadas nos noticiários.

Vale a pena, também, mencionar dois outros efeitos que a mídia produz em nossas mentes: a dispersão da atenção e a infantilização.

Para atender aos interesses econômicos dos patrocinadores, a mídia divide a programação em blocos que duram de sete a dez minutos, cada bloco sendo interrompido pelos comerciais. Essa divisão do tempo nos leva a concentrar a atenção durante os sete ou dez minutos de programa e a desconcentrá-la durante as pausas para a publicidade.

Pouco a pouco, isso se torna um hábito. Artistas de teatro afirmam que, durante um espetáculo, sentem o público ficar desatento a cada sete minutos. Professores observam que seus alunos perdem a atenção a cada dez minutos e só voltam a se concentrar após uma pausa que dão a si mesmos, como se dividissem a aula em “programa” e “comercial”.

Ora, um dos resultados dessa mudança mental transparece quando criança e jovem tentam ler um livro: não conseguem ler mais do que sete a dez minutos de cada vez, não conseguem suportar a ausência de imagens e ilustrações no texto, não suportam a ideia de precisar ler “um livro inteiro”. A atenção e a concentração, a capacidade de abstração intelectual e de exercício do pensamento foram destruídas. Como esperar que possam desejar e interessar-se pelas obras de arte e de pensamento?

Por ser um ramo da indústria cultural e, portanto, por ser fundamentalmente uma vendedora de Cultura que precisa agradar o consumidor, a mídia infantiliza. Como isso acontece? Uma pessoa (criança ou não) é infantil quando não consegue suportar a distância temporal entre seu desejo e a satisfação dele. A criança é infantil justamente porque para ela o intervalo entre o desejo e a satisfação é intolerável (por isso a criança pequenina chora tanto).

Ora, o que faz a mídia? Promete e oferece gratificação instantânea. Como o consegue? Criando em nós os desejos e oferecendo produtos (publicidade e programação) para satisfazê-los. O ouvinte que gira o dial do aparelho de rádio continuamente e o telespectador que muda continuamente de canal o fazem porque sabem que, em algum lugar, seu desejo será imediatamente satisfeito.

Além disso, como a programação se dirige ao que já sabemos e já gostamos, e como toma a cultura sob a forma de lazer e entretenimento, a mídia satisfaz imediatamente nossos desejos porque não exige de nós atenção, pensamento, reflexão, crítica, perturbação de nossa sensibilidade e de nossa fantasia. Em suma, não nos pede o que as obras de arte e de pensamento nos pedem: trabalho sensorial e mental para compreendê-las, amá-las, criticá-las, superá-las. A Cultura nos satisfaz, se tivermos paciência para compreendê-la e decifrá-la. Exige maturidade. A mídia nos satisfaz porque nada nos pede, senão que permaneçamos sempre infantis.

Um último traço da indústria cultural que merece nossa atenção é seu autoritarismo, sob a aparência de democracia. Um dos melhores exemplos encontra-se nos programas de aconselhamento. Um especialista – é sempre um especialista – nos ensina a viver, um outro nos ensina a criar os filhos, outro nos ensina a fazer sexo, e assim vão se sucedendo especialistas que nos ensinam a ter um corpo juvenil e saudável, boas maneiras, jardinagem, meditação espiritual, enfim, não há um único aspecto de nossa existência que deixe de ser ensinado por um especialista competente.

Em princípio, seria absurdo e injusto considerar tais ensinamentos como autoritários. Pelo contrário, deveríamos considerá-los uma forma de democratizar e sociabilizar conhecimentos. Onde se encontra o lado autoritário desse tipo de programação (no rádio e na televisão) e de publicação (no caso de jornais, revistas e livros)? No fato de que funcionam como intimidação social.

De fato, como a mídia nos infantiliza, diminui nossa atenção e capacidade de pensamento, inverte realidade e ficção e promete, por meio da publicidade, colocar a felicidade imediatamente ao alcance de nossas mãos, transforma-nos num público dócil e passivo. Uma vez que nos tornamos dóceis e passivos, os programas de aconselhamento, longe de divulgar informações (como parece ser a intenção generosa dos especialistas) torna-se um processo de inculcação de valores, hábitos, comportamentos e ideias, pois não estamos preparados para pensar, avaliar e julgar o que vemos, ouvimos e lemos. Por isso, ficamos intimidados, isto é, passamos a considerar que nada sabemos, que somos incompetentes para viver e agir se não seguirmos a autoridade competente do especialista.

Dessa maneira, um conjunto de programas e publicações que poderiam ter verdadeiro significado cultural tornam-se o contrário da Cultura e de sua democratização, pois se dirigem a um público transformado em massa inculta, desinformada e passiva.

Cinema e televisão

Como a televisão, o cinema é uma indústria. Como ela, depende de investimentos, mercados, propaganda. Como ela, preocupa-se com o lucro, a moda, o consumo.

No entanto, independentemente da boa ou má qualidade dos filmes, o cinema difere da televisão em um aspecto fundamental.

A televisão é um meio técnico de comunicação à distância, que empresta do jornalismo a ideia de reportagem e notícia, da literatura, a ideia do folhetim novelesco, do teatro, a ideia de relação com um público presente, e do cinema, os procedimentos com imagens. Do ponto de vista do receptor, o aparelho televisor é um eletrodoméstico, como o liquidificador ou a geladeira.

O cinema é a forma contemporânea da arte: a da imagem sonora em movimento. Nele, a câmera capta uma sociedade complexa, múltipla e diferenciada, combinando de maneira totalmente nova, música, dança, literatura, escultura, pintura, arquitetura, história e, pelos efeitos especiais, criando realidades novas, insólitas, numa imaginação plástica infinita que só tem correspondência nos sonhos.

Como o livro, o cinema tem o poder extraordinário, próprio da obra de arte, de tornar presente o ausente, próximo o distante, distante o próximo, entrecruzando realidade e irrealidade, verdade e fantasia, reflexão e devaneio.

Nele, a criatividade do diretor e a expressividade dramática ou cômica do intérprete pode manifestar-se e oferecer-se plenamente ao público, sem distinção étnica, sexual, religiosa ou social. Apesar dos pesares, Benjamin tinha razão ao considerar o cinema a arte democrática do nosso tempo.


CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo, Ática, 2000, p.422-428.

atividade:
01- Segundo o texto, diante do fenômeno da indústria cultural, as artes correm o risco de perder três de suas principais características:

A. de expressivas, tornarem-se reprodutivas e repetitivas;

B. de trabalho da criação, tornarem-se eventos para consumo;

C. de experimentação do novo, tornarem-se consagração do consagrado pela moda e pelo consumo.

-Pesquise algumas manifestações artísticas em destaque na mídia ou que já tiveram grande destaque ao longo da história  como músicas, pinturas, esculturas, filmes e representações e verifique se de fato ocorreu a banalização da arte, ou se é possível ainda hoje, verificarmos manifestações artísticas expressivas, criativas inéditas. coloque a fonte de sua pesquisa e comente-as.

02-Como se dá a massificação da cultura?

03-Por que as empresas acabam determinando direta e indiretamente  o conteúdo dos meios  de massa?

04- Explique como a indústria cultural acaba influenciando em nossos hábitos.

05-Você concorda totalmente com a posição crítica sobre a indústria cultural ou ela traz algo de positivo.


obs: Envie as questões pelo word no meu e-mail.
willian.garcia@ifms.edu.br